Dia de Natal. Roma. Saímos do apartamento por volta das dez da manhã. Tínhamos em mente que o nosso compromisso era somente às 14 horas. Íamos assistir a bênção do Papa Francisco e, se tivermos muita, mas muita sorte, poderíamos ver ele bem de perto.
Era o que sonhávamos – sonhar não custa nada.
Sheila tinha até um e-mail oficial enviado do Vaticano que informava o local e o horário em que o Papa apareceria. Então fizemos tudo bem planejado e calmamente. Estávamos tão perto do Vaticano, bastava atravessar o Rio Tevere e andar umas poucas quadras e voilá!
Andávamos e posávamos para fotos e mais fotos. O contraste de cores das nossas roupas se misturava ao colorido da cidade em suas lojas, cafés, supermercados e bares. Roma pulsava alegria mesmo em meio ao frio de dezembro.
Éramos sorrisos e expectativas.
– Vamos almoçar em Trastevere??? – ela sugeriu.
– Boa ideia, assim tiramos esse lugar da nossa mente e quando perguntarem pela milésima vez se fomos a Trastevere, postaremos um milhão de fotos. Que cazzo é Trastevere? – eu me perguntava.
Atravessamos o Tevere. Ao alcance do nosso olhar uma multidão vinha em direção contrária, ou seja, voltavam de algum lugar. De onde eles vêm? Perguntávamo-nos mentalmente. Nenhum dos dois ousava falar em voz alta. Até que...
– Sheila, eu acho que eles vêm do Vaticano.
– Que será que teve lá? A bênção é somente a tarde – comentou.
– Vamos perguntar – sugeri.
E no meu italiano macarrônico perguntei para uma das pessoas que estava voltando e a resposta foi o que mais temíamos.
– Venho da bênção do Papa Francisco!!!
“Que porra é essa!!!??” Com certeza foi o nosso pensamento, mas não ousamos falar ali num local tão sagrado. Sheila, emputecida, pegou o e-mail e só não o picou porque era digital e estava em seu celular. Eu, já queria esganar o Chiquinho, afinal, que falta de consideração para com a gente. Como podia ter mudado o horário sem avisar? Falávamos e ríamos... é não foi dessa vez.
Mas lembramos da Missa do Galo da madrugada anterior e como foi tudo lindo. Lembramos do quanto andamos nessa cidade e dos nossos cálculos – tudo estava a um raio de 2 km da gente. Ou seja, fazíamos tudo a pé. Foi quando falei:
– Quer saber, vamos a Trastevere agora!!!
– Mas a gente não ia para almoçar?
– Sheila – eu disse – você sabe onde ficar esse local?
– Não!
– Nem eu! Até chegarmos lá vai estar na hora do almoço.
E lá seguimos nós ao Lungotevere.
Num dado momento a paisagem mudou um pouco; ruas e becos diferentes. Tudo tipicamente italiano – claro né, estávamos na Itália –, mas sabe aquele italiano típico que a gente sempre imaginou, das cantigas como Sapore di Sale e Champagne. E, claro, cantávamos e ríamos ao nosso modo. Io che no vivo senza te.
Fazíamos piadas que somente nós entenderíamos e a tal spremuta sequer fazia parte de nossas vidas – isso aconteceria dias depois, em Nápoles.
Os restaurantes. A porpetta. A pasta. O vinho. Trastevere era cores e sabores. Um bairro em que nossos paladares se aguçaram e onde comemoramos o Natal em grande estilo. Ao nosso estilo. Sem luxo, sem grandes festas. Somente a companhia um do outro a lembrar outros natais de um tempo há muito esquecido na memória. Deliciamo-nos. Esquecemos até do Chiquinho.
Ano que vem estaremos de volta. Soube até que ele pessoalmente abençoa casamentos. Se a Sheila não fosse minha irmã... quem sabe???
Hoje observo Roma pelas redes sociais. Penso nas suas piazzas e em nossos passeios a céu aberto. Penso na bruschetta mais cara do mundo (isso é uma outra história). Penso em minha mãe. Em minha outra irmã. Penso em coisas que me trazem saudades. Em tomar gelato na Fontana di Trevi. Sentir o aroma do Campo dei Fiori. Caminhar pelo Forum Romano e sonhar com o mundo dos contos de fada da Vila Borghese.
Sinto o gosto do panetone e dos cafés de Roma, onde degustar um café em pé tem um custo e tomar o mesmo café sentado tem outro – mais caro. E a gente ri. Ri com a falta de educação e a gritaria – e acha lindo! Se encanta – porque o povo italiano é muito sedutor e não tem como ficar bravo com ele.
Enfim, acho que Roma é mesmo e sempre será a Cidade Eterna. E nossos corações nunca mais sairão desta cidade. Ciao, amore, ciao.
MM (20/03/2020)
O livro Múltiplos Olhares na Construção do Conhecimento Vol. VII seria lançado oficialmente no dia de hoje, 21/03/2020, às 16 horas. Uma solenidade foi especialmente programada para acontecer no Lisboa Culinária Portuguesa, de Jundiaí, de propriedade do amigo Ricardo, a quem agradeço publicamente neste texto.
Escrevi seria lançado porque, como sabemos, vivemos um período conturbado da história mundial. Estamos confinados em nossas casas para que esse vírus não se espalhe ainda mais piorando o quadro de calamidade e saúde pública que já se encontra em todas as cidades do mundo.
Mas, não posso deixar de comentar a beleza desta obra tão bem organizada pelo Prof. Ms. João Guilherme Rodrigues. São 40 professores com artigos diversos que servirão como fonte de inspiração para futuros professores e pesquisadores.
É um livro ímpar e que merece ser visto e admirado por todos.
E é também o nosso primeiro lançamento exclusivamente virtual.
Todo o contato com o livro é virtual.
Mas o seu conteúdo, com certeza, atingirá seus objetivos.
Em tempos de Corona temos de nos reinventar.
Sejam bem-vindos ao nosso livro!
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Muito obrigado.
Márcio Martelli– 17/03/2020
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Segredos de Halloween!!!!
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